Há voltas que ficam na história,
outras que nem estória têm. Esta felizmente tem as duas coisas.
Na falta do nosso querido líder –
e não, não estou a falar do kim jong-il – que está no gozo da sua 10 semana de
férias este ano, calhou-me a mim passar para o papel as incidências da volta.
(Volta depressa Tó-Zé que sentimos a tua falta).
Depois de uma semana de intensas conversações, uns dois e-mails pelo menos, ficou - e bem – decidido que a volta teria inicio no parque radical em Leiria. Há hora marcada para o início dos trabalhos estavam presentes o Cito, o Hélder e o Alexandre. O Vítor e o Hugo, nova presença, chegaram alguns minutos depois envoltos em nevoeiro e montando os seus cavalos alados cheios de força e pujança para enfrentarem a volta que se previa dura. Os restantes habitués destas voltas estão de férias pelo que não compareceram.
A volta que tínhamos inicialmente
determinado foi uma generosa oferta dos nossos companheiros de pedal TSF a quem
agradecemos a amabilidade. Gravado o track
no GPS e depois de conferirmos todas as presenças demos inicio aos
trinta e tal quilómetros e aos cerca de mil metros de acumulado que nos
esperavam.
Rolamos em direção ao Vidigal e a
seguir à Ribeira (sem nome?), cortamos à esquerda em direção a Curvachia. Para
aquecer os músculos iniciamos a subida que nos iria levar junto à Tosel. O
Hélder e o Cito foram por ai a cima como é habitual a usar apenas um pulmão e o
Hugo, pouco habituado a estas andanças e ao andamento destes dois, segui-os. Eu
e o Alexandre, mais cautelosos, seguimos a um ritmo bastante mais baixo e
dedicamo-nos à conversa e a admirar a paisagem, interrogando-nos como é que se
podem fazer tantos quilómetros num espaço tão pequeno.
Chegados junto ao café
verificamos que só abriria às 9,15 horas. Sem poder beber o café que tanto
ansiávamos, seguimos em busca de outro local onde pudéssemos satisfazer aquela
vontade.
Subimos ao Soutocico e ai bebemos
o tal café. Voltamos a subir e demos inicio ao primeiro trilho – muito bom -
que pelo menos eu desconhecia. O homem do GPS, por razões nunca apuradas,
desviou-se do track pela primeira vez. De indecisão em indecisão lá apanhamos
novamente o track. Depois de uma série de subidas chegamos a um local
desconhecido para a maioria e que tinha um excelente singletrack com um grau de
dificuldade relativamente elevado para quem ainda anda com rodinhas atrás, mas
que deu muito gozo fazer.
Entramos em zonas já conhecidas
de todos e fomos apanhar o estradão que nos levaria, se o GPS assim quisesse,
para as Lagoas. Tal não aconteceu. O GPS empurrou-nos para uma subida em
paralelos redondos e desalinhados que nos levaria à Maunça. Os mais fortes
subiram quase tudo em cima das máquinas, outros houve que não subiram quase
nada e outros deitaram-se – sem consequências graves – naquele chão fabuloso a
olhar as estrelas às dez da manhã.
Chegados ao topo aproveitamos
para saborear as excelentes iguarias que levávamos e aproveitamos para discutir
a situação do País. Ao que conseguimos apurar o solo onde estávamos era oco,
pelo que se aventou a hipótese de que se o chão abrisse pudéssemos chegar à
China ou à Austrália, aquela hora da manhã tanto faz, e dito daquela forma
parecia uma boa solução para cumprir os desejos do nosso PM, abandonar o
País.
Voltamos a pegar nas máquinas e
seguimos em direção à Maunça. Depois de alguns anos nestas lides nunca tinha
dado com o Trilho da Maunça. Fizemo-lo a subir e depois a descer. Não ficou no
top ten dos meus preferidos. Descemos depois em direção ao trilho que no
levaria à subida para o Pé da Serra. Fabuloso. É assustador a velocidade que se
atinge literalmente em cima de pedra, mas o gozo supera qualquer réstia de bom
senso que se devia ter ao fazer este trilho.
Subimos ao Pé da Serra, descemos
junto ao MOM e voltamos a subir para a Tosel. Até aqui nada de relevante,
exceto a cara de cansaço de alguns dos participantes, eu incluído. Subimos
depois em direção ao Galinheiro, descobrimos um bordel ao lado e descemos
aqueles trilhos fantásticos da Curvachia. Todos os sinais de cansaço
desapareceram e voltou a alegria e a vontade de pedalar o mais rápido que
conseguíamos.
Para alguns de nós foi o renovar
do prazer que tantas vezes sentimos a descer aqueles trilhos, para o Hugo foi a
primeira das muitas vezes que, estou certo, irá fazer aqueles trilhos.
Chegados à estrada seguimos para o parque
radical onde alguns tinham os carros, outros continuaram de bike até casa,
todos com a noção de dever cumprido e com as forças renovadas para enfrentar
mais uma semana de trabalho.
Até breve e bons trilhos.
Vitor Jesus
PS. Para os que faltaram no domingo, ao abrigo do programa educacional Relvas, podem enviar mail que nós tambem vamos dar equivalência;