"Team Amarante Bike Zone ONBIKE
Distância: 72.2km
Acumulado de Subidas: 2835m
Acumulado de Descidas: 2650m
Classificação: 2º - 4:55:37s
É difícil descrever a etapa de hoje…talvez o pior que alguma vez fiz, conseguiu bater a primeira etapa da La Ruta de Los Conquistadores na Costa Rica em 2006. A etapa que organização fez questão de lembrar que mudaria para sempre as nossas vidas e que jamais nos iríamos esquecer dela. Nós que pensávamos que já tínhamos visto de tudo e que nos consideramos ‘’à vontade’’ em trilhos técnicos.
Vamos por partes…
Foi a primeira noite passada na tenda e já deu para tirar algumas ilações, a temperatura durante a noite baixou de forma drástica e acordamos várias vezes com frio mesmo com um saco cama que já havíamos utilizado noutras situações e que nunca nos tinha deixado ficar mal.
No vídeo que a organização passou no jantar o ‘’Portugal Team’’ teve direito a várias passagens o que juntamente com a nossa classificação nos tornou ‘’famosos’’. O resultado disto era que à partida do Rancho K2 toda gente nos cumprimentava e nos desejava boa sorte.
Os primeiros kms foram serenos, formou-se um grande grupo porque também a estrada assim o permitia. Chegou a ponto que parecia que estava a gente ainda a dormir. A experiência manda ser ponderado e se isto estava a acontecer era porque a dureza da etapa assim o exigia.
Assim que a primeiras subida surgiu a ‘’amizade’’ desfez-se e depressa se formou um grupo restrito formado pelo Team Amarante Bike Zone ONBIKE, Rocky Mountain Bicycles (RMB), a equipa Checa e lider da Categoria de Masters e os primeiros classificados do TR3 (prova que decorre juntamente com o Transrockies em que os atletas correm a solo).
Quando chegamos ao primeiro abastecimento seguíamos juntamente com a RMB e optamos por parar para encher os bidons enquanto os adversários seguiram o seu caminho mas depressa os voltamos a alcançar. Este pormenor parece pouco importante mas remete-nos para o facto de eles conhecerem os trilhos, de saberem exactamente o está à frente, onde atacar e onde se defender.
Se ontem fizemos a descida mais radical da nossa vida a pé, a correr montanha abaixo por terra solta durante um par de kms, hoje fizemos o oposto. Inicialmente apesar da inclinação ser elevada, nos obrigar a usar a relação 1x1 e controlar muito bem a pedalada porque estávamos em terreno com muita pedra solta. Nesta fase liderávamos a prova com uns 30s de avanço para a RMB até que chegamos a uma PAREDE!!!!! Sim uma PAREDE com as letras todas e mais algumas. Para a ultrapassar fazer uns treinos com o João Garcia (Alpinista) seria uma grande ajuda. Este autêntico massacre prolongou-se por várias centenas de metros, vocês não conseguem imaginar a dureza….Subir por uma (quase) trilho com pedras e vegetação a empurrar a bike ou quando assim o obrigava, a carrega-la às costas foi um verdadeiro teste aos limites de sofrimento.
Neste parte os adversários directos ultrapassaram-nos e impuseram o ritmo deles e gradualmente se afastaram de nós. Infelizmente não fomos capazes de aguentar o ritmo e optamos por fazer alguma gestão de esforço porque não sabíamos até quando isto iria continuar. Quando mergulhamos na floresta em singletrack pensamos então que teria terminado a dureza, mas enganamos redondamente e as partes cicláveis alternavam com trilhos difíceis de subir com a bike à mão.
Isto tinha de terminar, pensamos nós. Tínhamos de conseguir superar a montanha. A recompensa chegou assim que os trilhos permitiam que a bike nos transportasse. Fomos transportados para os nossos sonhos, onde fazíamos trilhos estilo New World Disorder, Kranked ou The Collective (Filmes de Freeride Made In Canadá – British Colômbia) num bosque fechado com curvas em relevés, raízes que nos exigiam a máxima atenção e adrenalina no limite, isto durante vários kms a fio…não há palavras…novamente!
O gozo era tanto que ‘’distrai-me’’ com a alimentação sólida e líquida e só caí em mim quando cheguei ao abastecimento e pensei ‘’pois é, tenho de comer e beber’’. Não é que tenha sido (muito) tarde, mas fez-me passar ali uns minutos em que tive de abrandar o ritmo na última subida.
Considerado pela organização como ‘’The Last Down Hill Section’’ era qualquer coisa de surreal. O Singletrack escavado à mão com uma mistura de raízes, pedras, rios, lama e silos de lama (a minha bike desapareceu), saltos, troncos de madeira, urtigas, etc. foi qualquer coisa de extremo. Montados nas nossas rígidas Scott Scale, que apesar de serem excelentes bicicletas talvez se tivéssemos a opção das Scott Spark a descida seria feita em menos tempo e as costas agradeciam.
Entramos nos últimos 13km que começou com o 3º e último abastecimento e onde ouvimos umas palavras em Português dirigidas pelos voluntários Brazileiros. Daqui até à meta era plano em estradão de terra batida onde chegamos a rolar a velocidades na ordem dos 60km\h.
A meta montada em Nipikita novamente num típico rancho do Canadá e onde chegamos na segunda posição. A posição foi mantida mas a diferença para os lideres se acentuou mas que não nos deixa menos honrados.. Estamos a lutar contra atletas Prós, que já repetiram o TR por várias vezes, conhecem os trilhos melhor que ninguém, com rolote, mecânico, massagista e até nem precisam que lhe lavem a roupa J
Estou a terminar este texto quando começa a cerimónia de entrega de prémios da etapa por isso há que ser rápido porque vamos novamente ao pódio para receber a lembrança directamente pelo Boss da Rocky Mountain Bicycles
Falei nas nossas bicicletas – Scott Scale RC. Tenho de reforçar a ideia que estamos com as nossas bicicletas de sempre, armas fiáveis que nos levam aos limites e nos fazem ultrapassar coisas incríveis como as de hoje. O agradecimento segue para a equipa da Bike Zone em colaboração com Stand Jasma.
A etapa de amanhã será do tipo contra-relógio que ligará Nipika – Nipika num total de 43km e onde já fomos avisados que vai ser servido mais um banquete de Singletracks…que chatice J
Saudações do outro lado do mundo,
João Marinho & José Silva "
Distância: 72.2km
Acumulado de Subidas: 2835m
Acumulado de Descidas: 2650m
Classificação: 2º - 4:55:37s
É difícil descrever a etapa de hoje…talvez o pior que alguma vez fiz, conseguiu bater a primeira etapa da La Ruta de Los Conquistadores na Costa Rica em 2006. A etapa que organização fez questão de lembrar que mudaria para sempre as nossas vidas e que jamais nos iríamos esquecer dela. Nós que pensávamos que já tínhamos visto de tudo e que nos consideramos ‘’à vontade’’ em trilhos técnicos.
Vamos por partes…
Foi a primeira noite passada na tenda e já deu para tirar algumas ilações, a temperatura durante a noite baixou de forma drástica e acordamos várias vezes com frio mesmo com um saco cama que já havíamos utilizado noutras situações e que nunca nos tinha deixado ficar mal.
No vídeo que a organização passou no jantar o ‘’Portugal Team’’ teve direito a várias passagens o que juntamente com a nossa classificação nos tornou ‘’famosos’’. O resultado disto era que à partida do Rancho K2 toda gente nos cumprimentava e nos desejava boa sorte.
Os primeiros kms foram serenos, formou-se um grande grupo porque também a estrada assim o permitia. Chegou a ponto que parecia que estava a gente ainda a dormir. A experiência manda ser ponderado e se isto estava a acontecer era porque a dureza da etapa assim o exigia.
Assim que a primeiras subida surgiu a ‘’amizade’’ desfez-se e depressa se formou um grupo restrito formado pelo Team Amarante Bike Zone ONBIKE, Rocky Mountain Bicycles (RMB), a equipa Checa e lider da Categoria de Masters e os primeiros classificados do TR3 (prova que decorre juntamente com o Transrockies em que os atletas correm a solo).
Quando chegamos ao primeiro abastecimento seguíamos juntamente com a RMB e optamos por parar para encher os bidons enquanto os adversários seguiram o seu caminho mas depressa os voltamos a alcançar. Este pormenor parece pouco importante mas remete-nos para o facto de eles conhecerem os trilhos, de saberem exactamente o está à frente, onde atacar e onde se defender.
Se ontem fizemos a descida mais radical da nossa vida a pé, a correr montanha abaixo por terra solta durante um par de kms, hoje fizemos o oposto. Inicialmente apesar da inclinação ser elevada, nos obrigar a usar a relação 1x1 e controlar muito bem a pedalada porque estávamos em terreno com muita pedra solta. Nesta fase liderávamos a prova com uns 30s de avanço para a RMB até que chegamos a uma PAREDE!!!!! Sim uma PAREDE com as letras todas e mais algumas. Para a ultrapassar fazer uns treinos com o João Garcia (Alpinista) seria uma grande ajuda. Este autêntico massacre prolongou-se por várias centenas de metros, vocês não conseguem imaginar a dureza….Subir por uma (quase) trilho com pedras e vegetação a empurrar a bike ou quando assim o obrigava, a carrega-la às costas foi um verdadeiro teste aos limites de sofrimento.
Neste parte os adversários directos ultrapassaram-nos e impuseram o ritmo deles e gradualmente se afastaram de nós. Infelizmente não fomos capazes de aguentar o ritmo e optamos por fazer alguma gestão de esforço porque não sabíamos até quando isto iria continuar. Quando mergulhamos na floresta em singletrack pensamos então que teria terminado a dureza, mas enganamos redondamente e as partes cicláveis alternavam com trilhos difíceis de subir com a bike à mão.
Isto tinha de terminar, pensamos nós. Tínhamos de conseguir superar a montanha. A recompensa chegou assim que os trilhos permitiam que a bike nos transportasse. Fomos transportados para os nossos sonhos, onde fazíamos trilhos estilo New World Disorder, Kranked ou The Collective (Filmes de Freeride Made In Canadá – British Colômbia) num bosque fechado com curvas em relevés, raízes que nos exigiam a máxima atenção e adrenalina no limite, isto durante vários kms a fio…não há palavras…novamente!
O gozo era tanto que ‘’distrai-me’’ com a alimentação sólida e líquida e só caí em mim quando cheguei ao abastecimento e pensei ‘’pois é, tenho de comer e beber’’. Não é que tenha sido (muito) tarde, mas fez-me passar ali uns minutos em que tive de abrandar o ritmo na última subida.
Considerado pela organização como ‘’The Last Down Hill Section’’ era qualquer coisa de surreal. O Singletrack escavado à mão com uma mistura de raízes, pedras, rios, lama e silos de lama (a minha bike desapareceu), saltos, troncos de madeira, urtigas, etc. foi qualquer coisa de extremo. Montados nas nossas rígidas Scott Scale, que apesar de serem excelentes bicicletas talvez se tivéssemos a opção das Scott Spark a descida seria feita em menos tempo e as costas agradeciam.
Entramos nos últimos 13km que começou com o 3º e último abastecimento e onde ouvimos umas palavras em Português dirigidas pelos voluntários Brazileiros. Daqui até à meta era plano em estradão de terra batida onde chegamos a rolar a velocidades na ordem dos 60km\h.
A meta montada em Nipikita novamente num típico rancho do Canadá e onde chegamos na segunda posição. A posição foi mantida mas a diferença para os lideres se acentuou mas que não nos deixa menos honrados.. Estamos a lutar contra atletas Prós, que já repetiram o TR por várias vezes, conhecem os trilhos melhor que ninguém, com rolote, mecânico, massagista e até nem precisam que lhe lavem a roupa J
Estou a terminar este texto quando começa a cerimónia de entrega de prémios da etapa por isso há que ser rápido porque vamos novamente ao pódio para receber a lembrança directamente pelo Boss da Rocky Mountain Bicycles
Falei nas nossas bicicletas – Scott Scale RC. Tenho de reforçar a ideia que estamos com as nossas bicicletas de sempre, armas fiáveis que nos levam aos limites e nos fazem ultrapassar coisas incríveis como as de hoje. O agradecimento segue para a equipa da Bike Zone em colaboração com Stand Jasma.
A etapa de amanhã será do tipo contra-relógio que ligará Nipika – Nipika num total de 43km e onde já fomos avisados que vai ser servido mais um banquete de Singletracks…que chatice J
Saudações do outro lado do mundo,
João Marinho & José Silva "