"Olá a todos,
erá difícil descrever as ultimas horas, houve um misto de tudo..felicidades, sofrimento, dores indescritíveis, paisagens, pessoas, amigos...cada um com o seu papel. Mas vamos por partes:
O dia começou bem, na subida inicial de 8km em asfalto conseguimos ganhar algum tempo aos então segundos classificados, a equipa Guatemalteca composta pelo actual campeão nacional de contra-relógio. Apertamos o nosso andamento sempre que podíamos para ganhar uma margem suficiente para nos precavermos para a etapa de amanhã.
O percurso era um misto de trilhos isolados no meio dos frondosos bosques mas também com várias aldeias pelo caminho que ajudava a nos motivar tal era a força que as aldeões nos davam.
É impressionante a simplicidade destas pessoas que vivem nestas aldeias, isoladas do mundo. O momento que mais me tocou foi quando me cruzei com uma septuagenária que ia caminhando descalça pelo caminho, coberta por uma manta muito característica daqui e que me deixou a pensar...estas pessoas são felizes, sem materialismos, sem exibicionismos de materiais, apenas a humidade latente nas pessoas e convívio com a família e com os vizinhos as torna assim.
Todo a percurso da prova é sempre carregado com historia que remonta a uma passado bastante remoto dos tempos do cultura Maia e dos descobrimentos dos colonizadores espanhóis. Na etapa de hoje, percorremos um desses caminhos centenários usados pelos espanhóis para transportar materiais até à costa.
A beleza era indescritível, o sentimento de nos regozijarmos a cada momento era extremo e isso foi mesmo alvo de comentários por parte do Staff, questionando o porquê do nosso sorriso.
Tal como a altimetría indicava, as subidas intermináveis ao longo da selva equatorial estivem em grande força. Batemos o nosso record de altitude atingida, 3050m acima do nível do mar. É algo digno de registo, que o diga o Zé que a partir de dada altura começou a sentir tonturas e as pernas doridas devido à falta de oxigenação do sangue.
Durante a etapa fizemos talvez os melhores Single Tracks da nossa vida que puseram à prova a nossa técnica e agilidade em cima da bicicleta, bosques fechados onde quase não entra a luz solar, as vistas para os vulcões quando o nevoeiro o permitia..sem palavras.
Perante isto a vitoria ficou relegada para segundo lugar. Foi bom ganhar mas mesmo antes de cortar a linha de meta em Xela já tinhamos ganho uma experiência memorável.
Memorável foi o após meta. Comecei a sentir-me mal e sempre a piorar. Desloquei-me rapidamente para o hotel porque além das dores de estômago estava a ficar congelado devido ao frio e chuva normais numa cidade situada a 2300m
Após o banho as dores acentuaram-se, a febre apareceu e passado pouco tempo estava a vomitar. Prontamente fui assistido pelo Médico da prova e pelo restante staff.A preocupação comigo e com a minha recuperação foi notável. Nisto fui assistido com soro para anular os efeitos da desidratação e da diarreia que também fui brindado.
Depois disto pensei que o pior havia passado. Fui entretanto massajado no quarto e até me trouxeram uma refeição leve que me aconselharam. Qualquer coisa leve do tipo sopa de legumes e assim foi. Mas então as dores voltaram a aparecer e quando bebia o sumo de papaia comecei a sentir novamente vómitos e num ápice estava a vomitar tudo e a sujar o que apareceu à minha frente até chegar à sanita.
Razões para isto há várias, desde alguma coisa estragada ao pequeno almoço, a altitude, alguma bactéria que saltou para o bidon, não sei..só quero é ficar bem rapidamente.
Estava sem forças, pensando no dia de amanhã e como as ia buscar...agora sinto-me bem melhor e estou novamente ligado ao soro. Amanhã será certamente um longo dia para mim...
Várias pessoas visitaram-me entretanto inclusive vários adversários, dando animo e força para o derradeiro dia.
Uma equipa participa, não o João & José e nisto tenho que fazer uma vénia ao meu amigo.
Quero deixar uma mensagem aos meus colegas do ISEP que estão a cobrir a minha ausência numa período complicado devido à sobrecarga de trabalho
Hasta mañana
PS. Desculpem o testamento"
erá difícil descrever as ultimas horas, houve um misto de tudo..felicidades, sofrimento, dores indescritíveis, paisagens, pessoas, amigos...cada um com o seu papel. Mas vamos por partes:
O dia começou bem, na subida inicial de 8km em asfalto conseguimos ganhar algum tempo aos então segundos classificados, a equipa Guatemalteca composta pelo actual campeão nacional de contra-relógio. Apertamos o nosso andamento sempre que podíamos para ganhar uma margem suficiente para nos precavermos para a etapa de amanhã.
O percurso era um misto de trilhos isolados no meio dos frondosos bosques mas também com várias aldeias pelo caminho que ajudava a nos motivar tal era a força que as aldeões nos davam.
É impressionante a simplicidade destas pessoas que vivem nestas aldeias, isoladas do mundo. O momento que mais me tocou foi quando me cruzei com uma septuagenária que ia caminhando descalça pelo caminho, coberta por uma manta muito característica daqui e que me deixou a pensar...estas pessoas são felizes, sem materialismos, sem exibicionismos de materiais, apenas a humidade latente nas pessoas e convívio com a família e com os vizinhos as torna assim.
Todo a percurso da prova é sempre carregado com historia que remonta a uma passado bastante remoto dos tempos do cultura Maia e dos descobrimentos dos colonizadores espanhóis. Na etapa de hoje, percorremos um desses caminhos centenários usados pelos espanhóis para transportar materiais até à costa.
A beleza era indescritível, o sentimento de nos regozijarmos a cada momento era extremo e isso foi mesmo alvo de comentários por parte do Staff, questionando o porquê do nosso sorriso.
Tal como a altimetría indicava, as subidas intermináveis ao longo da selva equatorial estivem em grande força. Batemos o nosso record de altitude atingida, 3050m acima do nível do mar. É algo digno de registo, que o diga o Zé que a partir de dada altura começou a sentir tonturas e as pernas doridas devido à falta de oxigenação do sangue.
Durante a etapa fizemos talvez os melhores Single Tracks da nossa vida que puseram à prova a nossa técnica e agilidade em cima da bicicleta, bosques fechados onde quase não entra a luz solar, as vistas para os vulcões quando o nevoeiro o permitia..sem palavras.
Perante isto a vitoria ficou relegada para segundo lugar. Foi bom ganhar mas mesmo antes de cortar a linha de meta em Xela já tinhamos ganho uma experiência memorável.
Memorável foi o após meta. Comecei a sentir-me mal e sempre a piorar. Desloquei-me rapidamente para o hotel porque além das dores de estômago estava a ficar congelado devido ao frio e chuva normais numa cidade situada a 2300m
Após o banho as dores acentuaram-se, a febre apareceu e passado pouco tempo estava a vomitar. Prontamente fui assistido pelo Médico da prova e pelo restante staff.A preocupação comigo e com a minha recuperação foi notável. Nisto fui assistido com soro para anular os efeitos da desidratação e da diarreia que também fui brindado.
Depois disto pensei que o pior havia passado. Fui entretanto massajado no quarto e até me trouxeram uma refeição leve que me aconselharam. Qualquer coisa leve do tipo sopa de legumes e assim foi. Mas então as dores voltaram a aparecer e quando bebia o sumo de papaia comecei a sentir novamente vómitos e num ápice estava a vomitar tudo e a sujar o que apareceu à minha frente até chegar à sanita.
Razões para isto há várias, desde alguma coisa estragada ao pequeno almoço, a altitude, alguma bactéria que saltou para o bidon, não sei..só quero é ficar bem rapidamente.
Estava sem forças, pensando no dia de amanhã e como as ia buscar...agora sinto-me bem melhor e estou novamente ligado ao soro. Amanhã será certamente um longo dia para mim...
Várias pessoas visitaram-me entretanto inclusive vários adversários, dando animo e força para o derradeiro dia.
Uma equipa participa, não o João & José e nisto tenho que fazer uma vénia ao meu amigo.
Quero deixar uma mensagem aos meus colegas do ISEP que estão a cobrir a minha ausência numa período complicado devido à sobrecarga de trabalho
Hasta mañana
PS. Desculpem o testamento"