"Olá a todos,
Estou em falta para com vocês mas o dia de ontem foi um dia complicado para vos dar noticias.
Já passaram 24h desde que o El reto del Quetzal terminou, sem dúvida uma experiência incrível e inigualável.
O resultado final já vocês o sabem, ganhamos a prova com cerca de 40min para a equipa segunda classificada. A última etapa foi particularmente complicada devido ao meu estado físico e que comprometeu em muito o desempenho. Cortamos a meta em Irtra na 4ª posição a cerca de 9min da equipa de El Salvador o que não punha em causa a liderança da prova.
Durante os primeiros kms da prova ainda consegui lidar com as dores porque o piso era mais ou regular, assim que vieram os primeiros trilhos técnicos onde é necessária força a situação complicou. O organismo tinha ido completamente abaixo no dia anterior, apesar de ter acordado relativamente melhor o corpo estava mole, sem forças e a pedir descanso. Foi lutando contra mim mesmo que levei a cabo a ultima etapa em que o papel do companheiro de equipa foi preponderante. Sem a ajuda do Zé dificilmente terminaria a etapa dentro do TOP 15.
A tendência de descida da etapa supostamente ajudava mas o piso era extremamente irregular o que me deu imensas dores de barriga e com o passar dos kms cada vez me tornava mais lento nas partes técnicas e os reflexos diminuíam. O risco de queda aumentava exponencialmente e isso sim, poderia por eu causa toda a prova. Felizmente conseguimos terminar a etapa sem grandes percalços.
Para derradeira etapa entre Xela (segunda maior cidade da Guatemala) e Irtra estavam reservados alguns dos trilhos mais bonitos da prova, atravessando plantações de café centenárias propriedade da casa real Holandesa. Um autêntico paraíso no sopé de um vulcão e que fazia lembrar os documentários da National Geographic. Os singletracks por entre a esplendorosa vegetação, as tremendas pontes de arame e madeira que atravessavam os rios deixaram-nos sem respiração, os árduos trabalhadores carregando madeira às costas que mesmo submetidos a um esforço tremenda soltavam um sorriso e umas palavras de incentivo à nossa passagem, as vistas deslumbrantes para a costa do pacifico que se estendia até ao limite do nosso olhar, o melodioso cantar dos pássaros que às vezes assemelhava-se uma relaxante orquestra, o cheiro da terra e o aroma vindo das arvores e plantas ficará para sempre na nossa memória.
A organização não podia ter escolhido melhor o local para terminar a prova, junto a um resort em Irtra, onde se encontram vários hotéis. Um verdadeiro encanto, aqui há papagaios de várias cores à solta, pavões reais, árvores centenárias, ruínas maias, quedas de água…aliás por falar em água, aqui quando chove, chove mesmo a valer. Estávamos nós a empacotar as bicicletas quando começou a cair uma tromba de água monumental e que nos fez nos fez atrasar para a entrega dos prémios. Impressionante o vigor com que a água caía durante minutos a fio!
El reto del Quetzal…Quetzal, perguntam vocês o que ‘’Quetzal’’? Quetzal é um pássaro que existe apenas na Guatemala e algumas partes da Costa Rica. É considerado símbolo nacional e é o nome da moeda local.
Todo o país está pejado de história, de monumentos de locais que merecem uma visita. É um verdadeiro tesouro da América Central, que tivemos o prazer de descobrir a pedalar rodeado de amigos e de pessoas que nos querem bem. Pessoas como o Joe Murray, uma lenda do BTT e que pertence ao Mountain Bike Hall of Fame, que têm o record de mais provas de MTB ganhas nos EUA, dono da marca Voodoo Cycles. Uma pessoa extremamente simples e que agora temos o prazer de chamar amigo. Vejam mais em : http://en.wikipedia.org/wiki/Joe_Murray_(cyclist)
Ou mesmo o Dax Jaikel, atleta Costa Riquenho que possui uma prótese na sua perna direita e que já conhecíamos do TransAlp em 2007. Apesar desta adversidade, conclui a prova dando assim mais uma lição de coragem e perseverança ao Mundo.
Viajar, conhecer novos locais, pessoas e culturas é o que nos faz sentir bem. Atravessar o mundo para pedalar em locais extraordinariamente remotos e isolados do mundo, por vezes sem vestígios de civilização e pondo em risco a nossa integridade física é algo que muita gente pergunta o porquê, principalmente a nossa família. Mas, aqui está a resposta, tudo correm bem, trazemos connosco recordações, amigos e experiências que marcam a nossa vida. Há competições de BTT por todo o mundo. Nós adoramos estas singulares provas que nos proporcionam um conhecimento mais profundo de todo país em questão e somos muito felizes desta forma!
Aos colegas da Home Energy que acompanharam a prova e torceram por nós, o nosso obrigado e quarta-feira estamos aí para trabalhar a todo o gás (até temos medo de ligar o telemóvel)
Estou a escrever este relato num país que já não me é estranho, Costa Rica, considerada a Suíça da América Central. Não posso ter melhor inspiração que esta, contemplo montanhas até às nuvens, tudo em tons de verde. Segue-se 11h de voo até Madrid e depois mais uma até Portugal. Uma longa viagem mas com sentimento de dever cumprido.
Até já Portugal
João & José"
Estou em falta para com vocês mas o dia de ontem foi um dia complicado para vos dar noticias.
Já passaram 24h desde que o El reto del Quetzal terminou, sem dúvida uma experiência incrível e inigualável.
O resultado final já vocês o sabem, ganhamos a prova com cerca de 40min para a equipa segunda classificada. A última etapa foi particularmente complicada devido ao meu estado físico e que comprometeu em muito o desempenho. Cortamos a meta em Irtra na 4ª posição a cerca de 9min da equipa de El Salvador o que não punha em causa a liderança da prova.
Durante os primeiros kms da prova ainda consegui lidar com as dores porque o piso era mais ou regular, assim que vieram os primeiros trilhos técnicos onde é necessária força a situação complicou. O organismo tinha ido completamente abaixo no dia anterior, apesar de ter acordado relativamente melhor o corpo estava mole, sem forças e a pedir descanso. Foi lutando contra mim mesmo que levei a cabo a ultima etapa em que o papel do companheiro de equipa foi preponderante. Sem a ajuda do Zé dificilmente terminaria a etapa dentro do TOP 15.
A tendência de descida da etapa supostamente ajudava mas o piso era extremamente irregular o que me deu imensas dores de barriga e com o passar dos kms cada vez me tornava mais lento nas partes técnicas e os reflexos diminuíam. O risco de queda aumentava exponencialmente e isso sim, poderia por eu causa toda a prova. Felizmente conseguimos terminar a etapa sem grandes percalços.
Para derradeira etapa entre Xela (segunda maior cidade da Guatemala) e Irtra estavam reservados alguns dos trilhos mais bonitos da prova, atravessando plantações de café centenárias propriedade da casa real Holandesa. Um autêntico paraíso no sopé de um vulcão e que fazia lembrar os documentários da National Geographic. Os singletracks por entre a esplendorosa vegetação, as tremendas pontes de arame e madeira que atravessavam os rios deixaram-nos sem respiração, os árduos trabalhadores carregando madeira às costas que mesmo submetidos a um esforço tremenda soltavam um sorriso e umas palavras de incentivo à nossa passagem, as vistas deslumbrantes para a costa do pacifico que se estendia até ao limite do nosso olhar, o melodioso cantar dos pássaros que às vezes assemelhava-se uma relaxante orquestra, o cheiro da terra e o aroma vindo das arvores e plantas ficará para sempre na nossa memória.
A organização não podia ter escolhido melhor o local para terminar a prova, junto a um resort em Irtra, onde se encontram vários hotéis. Um verdadeiro encanto, aqui há papagaios de várias cores à solta, pavões reais, árvores centenárias, ruínas maias, quedas de água…aliás por falar em água, aqui quando chove, chove mesmo a valer. Estávamos nós a empacotar as bicicletas quando começou a cair uma tromba de água monumental e que nos fez nos fez atrasar para a entrega dos prémios. Impressionante o vigor com que a água caía durante minutos a fio!
El reto del Quetzal…Quetzal, perguntam vocês o que ‘’Quetzal’’? Quetzal é um pássaro que existe apenas na Guatemala e algumas partes da Costa Rica. É considerado símbolo nacional e é o nome da moeda local.
Todo o país está pejado de história, de monumentos de locais que merecem uma visita. É um verdadeiro tesouro da América Central, que tivemos o prazer de descobrir a pedalar rodeado de amigos e de pessoas que nos querem bem. Pessoas como o Joe Murray, uma lenda do BTT e que pertence ao Mountain Bike Hall of Fame, que têm o record de mais provas de MTB ganhas nos EUA, dono da marca Voodoo Cycles. Uma pessoa extremamente simples e que agora temos o prazer de chamar amigo. Vejam mais em : http://en.wikipedia.org/wiki/Joe_Murray_(cyclist)
Ou mesmo o Dax Jaikel, atleta Costa Riquenho que possui uma prótese na sua perna direita e que já conhecíamos do TransAlp em 2007. Apesar desta adversidade, conclui a prova dando assim mais uma lição de coragem e perseverança ao Mundo.
Viajar, conhecer novos locais, pessoas e culturas é o que nos faz sentir bem. Atravessar o mundo para pedalar em locais extraordinariamente remotos e isolados do mundo, por vezes sem vestígios de civilização e pondo em risco a nossa integridade física é algo que muita gente pergunta o porquê, principalmente a nossa família. Mas, aqui está a resposta, tudo correm bem, trazemos connosco recordações, amigos e experiências que marcam a nossa vida. Há competições de BTT por todo o mundo. Nós adoramos estas singulares provas que nos proporcionam um conhecimento mais profundo de todo país em questão e somos muito felizes desta forma!
Aos colegas da Home Energy que acompanharam a prova e torceram por nós, o nosso obrigado e quarta-feira estamos aí para trabalhar a todo o gás (até temos medo de ligar o telemóvel)
Estou a escrever este relato num país que já não me é estranho, Costa Rica, considerada a Suíça da América Central. Não posso ter melhor inspiração que esta, contemplo montanhas até às nuvens, tudo em tons de verde. Segue-se 11h de voo até Madrid e depois mais uma até Portugal. Uma longa viagem mas com sentimento de dever cumprido.
Até já Portugal
João & José"